Música de Zélia Duncan foi 'ingrediente' para inclusão da inconfidente Hipólita Jacinta no Livro dos Heróis da Pátria
24/01/2025
Hipólita Jacinta Teixeira de Melo foi quem avisou os inconfidentes da prisão de Tiradentes. Ela ainda financiou ações do movimento e disponibilizou a própria residência para encontros e reuniões, no fim do século XVIII. "Hipólita, Hipólita, insólita a tua coragem
Na margem da história de ontem
Que hoje se ajeita nos fatos"
O trecho acima é da música "Dona Hipólita Jacinta", escrita por Zélia Duncan, com participação de Ana Costa.
Ela foi fundamental para que Hipólita Jacinta Teixeira de Melo entrasse no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A determinação foi sancionada pelo presidente Lula (PT) neste mês de janeiro. Ela participou ativamente da Inconfidência Mineira e é considerada uma das lideranças do movimento, ocorrido no fim do século XVIII contra o domínio português.
A historiadora Heloísa Starling disse no podcast Gerais no g1 que a canção de Zélia e Ana estavam nos documentos que pediam a entrada da inconfidente no livro. (ouça acima)
Mineira Hipólita Jacinta Teixeira de Melo se torna oficialmente heroína da pátria
A iniciativa é de de autoria do deputado federal Jonas Donizette (PSB-SP). Durante a tramitação do projeto no Senado, o projeto teve como relator o senador Cid Gomes (PSB-CE).
"Acho que é a primeira vez que uma música serve de 'ingrediente' para uma política pública deste tipo", disse Heloísa.
O memorial reúne nomes de brasileiros e brasileiras que dedicaram a vida à pátria e contribuíram de alguma forma para a liberdade e a democracia do país, como Zumbi dos Palmares, Ulysses Guimarães, Maria Filipa de Oliveira, Dandara dos Palmares, Machado de Assis e Chico Mendes.
"Hipólita estava nesse lugar da mulher invisível e que fez tanto no seu tempo e foi apagada pelo fato ser mulher", falou Zélia.
Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria
Agência Senado/ Moisés Nazário
Quem foi Hipólita
Nascida em Prados, no Campo das Vertentes, em 1748, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo participou ativamente da Inconfidência Mineira, apesar de o protagonismo dela ter sido ignorado por registros históricos.
A mineira, que fazia parte da elite de Vila Rica, colaborou para a comunicação entre os inconfidentes, financiou ações do movimento e disponibilizou a própria residência para encontros e reuniões.
Foi ela quem escreveu a carta dando notícias da prisão de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e orientando os conjurados a iniciar um levante militar.
"Ela não só participa da conspiração, como ela é uma liderança na medida em que ordena e é obedecida. Então, é uma mulher extraordinária. Completamente transgressora. [...] É a mulher que vai para a cena pública e fala com a voz própria sobre a liberdade, sobre a República, sobre a independência. Isso é a transgressão mais difícil para a mulher até hoje", afirmou a historiadora e professora Heloísa Starling.
A rebelião acabou debelada, e os líderes do movimento, presos. O governo das minas da época mandou apreender todos os bens de Hipólita.
Em 2023, ela se tornou a primeira mulher a ter uma lápide no Panteão dos Inconfidentes, em Ouro Preto, Região Central de MG. Devido à falta de documentação, não se sabe onde os restos mortais da inconfidente estão nem como era a fisionomia dela.
Hipólita Jacinta entra para o Panteão dos Inconfidentes
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